31.1.10

Preparando para o parto II

Bom, desde sempre fui a favor do parto normal e contra a banalização da cesariana (que é uma cirurgia e não um outro modo de parir) e todos que me ouviam falar disso, riam e falavam: "deixa você ficar grávida que vai mudar rapidinho de opinião". Então, aqui estou eu, grávida de 08 meses e ainda acreditando no parto normal. O fato é que continuo ouvindo coisas como "na hora que você sentir as primeiras dores vai pedir pra fazerem cesárea" - aliás, depois posto sobre "o que não falar a uma grávida: etiqueta com as gestantes", porque basta você engravidar para começar a ouvir besteiras. Se vou suportar a dor? Se vou pedir analgesia? Se vou desistir do parto normal nas primeiras dores? Não sei, até porque quando perguntamos a uma mulher que já sentiu essa dor, ela responde que não há nenhuma dor que se possa comparar com a dor do parto, mas que também ela é esquecida assim que o bebê nasce. Lidar com o medo da dor e com a própria é uma questão muito subjetiva. O que pode beirar o insuportável pra você pode ser nada pra mim e vice-versa. Eu por exemplo, tenho muito mais medo de uma cirurgia do que sentir a dor do parto. De qualquer forma estou me preparando como posso, vamos lá:

1- Buscar informações

Nada pior que uma grávida desinformada. A chance de você cair numa cesárea desnecessária é muuuito maior quando você não sabe de fato quando ela É necessária (ver post anterior). Ler, ler, ler.



2- Depois das informações, busque relatos de quem já vivenciou o parto normal

Um dos meus passatempos preferidos ultimamente tem sido ler relatos de parto. Também converso bastante com quem já vicenciou esse momento, peço dicas, conforto, força, o que for. É bom saber que tem mais gente no mesmo barco que você.


3- Prepare-se fisicamente

No curso de preparação para o parto que fizemos (eu e marido), além de ter a parte teórica, também tivemos um momento de "prática". Aprendemos a contar as contrações, técnicas de respiração (foi frisado que no momento do "expulsivo" não se deve gritar por exemplo, pois perde-se a força), exercícios pra fortalecer o períneo (exercícios de Kegel, procure no google!rs) e evitar a episiotomia (foi falado pra fazer, não fizemos lá, óbvio), posições e técnicas pra aliviar a dor nas contrações (a que mais gostei foi a massagem do maridon).

4- Prepare-se emocionalmente

A regra maior desse item é: esqueça todos os comentários e experiencia mal sucedidas que você ouviu sobre o parto normal. Sua vó morreu de parto? Sua vizinha perdeu a elasticidade na vagina e nunca mais sentiu prazer na vida? A cunhada da sua amiga perdeu o bebê porque o parto demorou? Esqueça! Isso só vai te deixar com mais medo.

5- Tenha um companheiro que não seja apenas expectador

Não adianta você se preparar fazendo tudo isso se seu companheiro não sabe nem qual é a diferença entre uma cesariana e um parto normal. O apoio emocional é fundamental pra você não cair no circuito tensão-medo-dor e para te deixar mais forte e confiante. A gestação tem que ser compartilhada do inicio ao fim.

6- Veja vídeos de parto normal

Sim, vá se familiarizando com a cena. Sim , sai sangue. Sim, aquele cabeção vai passar por aquele buraquinho. Se acha feio, nojento e tem medo, é melhor desistir enquanto é tempo.

7- Conheça seu obstetra

Que tipo de parto ele faz mais: cesáreas ou parto normal? Converse bastante com mulheres que foram atendidas por ele, a sala de espera diz muito.


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E por falar em obstetra: na primeira vez que falei sobre o parto com a minha médica, ela se mostrou bastante aberta ao parto normal, mas não vi muito entusiasmo não! Saquei que ela era do tipo: é escolha da mulher. Até aí tudo bem, até que ela fez uma ressalva: se o bebê estiver com mais de 3.5 kg ela não faz parto normal. Como assim? Isso não existe, eu pensei. Mas como ainda era um pouco desinformada sobre o assunto, e ainda tava no 6º mês, não esquentei. Até que lendo sobre isso, percebi que essa é só uma desculpa pra fazer a mulher desistir do parto normal (teoricamente é cômodo pro médico e melhor pra mulher, que óbvio tem medo da dor). Daí entrei na paranoia de procurar um médico realmente humanizado e não hesitaria em mudar de obstetra no final da gestação se isso fosse me dar a segurança que eu preciso. Que fique claro que eu não quero o parto normal custe o que custar, apenas quero me sentir segura que ele só não vai ser feito se realmente a saúde do meu filho estiver em risco e a minha também. Precisava dessa certeza, de que tentamos. Nunca me perdoaria se eu tivesse que ser submetida a uma cesárea e depois percebesse que ela não era necessária. Recebi indicações de médicos humanizados aqui no DF e pra minha total decepção NENHUM tem agenda! Todos só pra daqui um mês (já estou com 35 semanas, sem chance!). Estou na fila de "encaixe", mas as chances são minimas, dada a proximidade do parto.

Apesar dos pesares, tenho uma relação bacana com minha médica. Noto mais uma certa inexperiência do que uma má vontade em relação ao parto normal, então estou com ela ainda, certa de que estou me preparando como posso e de que tentei e vou tentar até o fim de que meu primeiro encontro com o Miguel seja "o mais natural possível", com o mínimo de intervenções possíveis.
Em tempo: Hoje tive consulta de pré-natal e está tudo ótimo. A partir de agora as consultas serão semanais. Miguel está "encaixadinho" e a chance dele mudar de posição a partir de agora bem pequena porque o espaço está cada vez menor (na última eco, com doppler, na 32ª semana a "altura" dele era de 42 cm e 2,033 kg), o que já é um ótimo sinal.

Agora é continuar esperando e torcer pra dar tudo certo. Torçam pro Miguel sair pela portinha, rs.


Eu e filhote descansando. Na foto: 33 semanas

26.1.10

Preparando para o parto

Na semana passada fizemos um curso de preparação para o parto, durou três dias e foi excelente! Acabei pagando por ele porque no mês de janeiro quase nenhum hospital oferece esses "preparatórios" e também pelo curso ser ministrado com uma visão de parto mais humanizada, totalmente pró parto natural. Considerei um ótimo investimento!
No primeiro dia tivemos um aparato geral sobre o “dicionário da gravidez”, nos familiarizando mais com termos como: tampão, contração, líquido amniótico, romper a bolsa, trabalho de parto, episiotomia e etc. Conversamos sobre como fugir de uma “cesárea desnecessária” e conhecemos um pouco dos mitos sobre o parto normal.
Assistimos o vídeo “Nascer no Brasil” (aliás, super indico. Tem na internet, é só procurar no Google) que mostra entre outras coisas, a dificuldade que é ter um parto natural nesse país – onde o índice de cesariana e mais que o dobro recomendado pela Organização Mundial de Saúde (chega-se a 80% dos parto em hospitais privados).



Evitando as cesáreas desnecessárias

Primeiro quero falar que não sou nenhuma radical, e que esse é o MEU ponto de vista e que cada mulher e mãe deve ter o seu. Acredito que a informação é o melhor caminho, por isso tenho lido bastante sobre o tema. A cesariana, antes de mais nada, devemos frisar, é em muitas ocasiões uma opção (as vezes a única) pra salvar a vida de mãe e filho, mas o que tem ocorrido é a banalização dessa cirurgia (sim, cesariana é uma cirurgia com todos seus riscos), e muitas vezes essa é colocada à gestante/mãe como única alternativa pelo médico, o que nem sempre é o caso.

Casos em que a cesárea é necessária:

- Antes do trabalho de parto:


* Placenta prévia (a placenta se localiza sobre o colo do útero

* Bebê em situação transversa (não é sentado, nem de cabeça pra baixo)

* Herpes genital com lesão ativa no final da gestação

- Durante o trabalho de parto:


* Eclâmpsia (não confundir com pressão alta)


* Prolapso de cordão (o cordão umbilical aparece antes da cabeça do bebê)


* Descolamento prematuro da placenta

Indicações relativas de cesárea:

São quando o profissional percebe que o risco de continuar com o trabalho de parto é maior que o de se fazer uma cesárea, não há risco de morte iminente, mas ele pode aparecer mais à frente. Infelizmente essas indicações têm sido feita de forma equivocada e até mesmo falsa, porque sabemos o quão cômoda (e lucrativa) é uma cesariana né?São elas:


*Desproporção céfalo-pélvica (quando a cabeça do bebê não passa pela bacia da mãe DURANTE O TRABALHO DE PARTO – não há como fazer essa previsão antes!)


* Parada de progressão (quando o parto não evolui)


* Sofrimento fetal agudo


Indicações discutíveis


*Bebê pélvico (“sentado”)


* Duas ou mais cesáreas prévias – apesar dos riscos de ruptura, os estudos falharam em comparar partos sem intervenções e cesáreas eletivas para mulheres que já têm mais de uma cesárea prévia


*Mãe HIV positiva (os riscos para a mulher são muito maiores na cesárea)


Indicações “falsas”


*Circular de cordão ou cordão enrolado: o risco de uma complicação pela circular de cordão é muito menor que uma complicação de uma cesárea para o bebê e para a mãe


* Parto prolongado: não existe “parto que demorou demais”. O parto demorou o tempo certo enquanto mãe e bebê estiverem bem


* Falta de dilatação: não existe esse termo médico!O que existe é a pressa do profissional para aguardar o processo natural. A dilatação demora e às vezes demora mais que o médico está disposto a esperar...


* Passou de 40 semanas: a gestação humana normal vai de 37 a 42 semanas.


* Pressão alta: esse é um dado isolado e como tal não tem valor. Só a presença de outros sintomas poderá indicar se há hipertensão, pré-eclampsia...


* Bebê “muito grande”: não existe limite para peso, desde que a evolução do parto seja boa


* Cesárea prévia: sem dúvida é possível um parto normal para uma mulher que já teve uma cesárea prévia


* Presença de mecônio: assim como a pressão alta, o evento do mecônio isoladamente não quer dizer nada, o que vale mesmo é a vitalidade do bebê.

Enfim, esses são os motivos mais usados pelos profissionais para se ter a cesariana (que geralmente acaba ocorrendo com hora marcada!). Acho que temos que lutar por uma maternidade ativa e aceitar o mínimo de intervenções nesse momento que é o mais importante de nossas vidas. Não estou incentivando ninguém a parir contrariando opinião médica, só entendo que temos que pesquisar muito sobre o assunto, ler, ouvir várias opiniões médicas para não sermos “enganadas”. Claro que quando ouvimos de um profissional que nosso filho pode correr risco de morte, topamos qualquer coisa, inclusive uma cirurgia do porte de uma cesariana, mas o fato é que eles, muitas vezes esquecem da ética profissional e aproveitam de qualquer uma dessas condições para intervir no que deveria ser natural.

Por enquanto é isso.

Amanhã volto pra contar do restante do curso, da saga que estou vivendo em busca de um médico “humanizado” e sobre a reta final da minha gestação!